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Concluindo nosso ciclo de posts dedicado à conversa do dr. Steve Hughes com a equipe da Greensboro Montessori School, chegamos à terceira e última parte deste diálogo enriquecedor. Um material que recomendamos tanto para educadores (montessorianos ou não) quanto para famílias que pretendem ampliar sua compreensão acerca da infância a fim de potencializar os ganhos cognitivos das crianças a partir de uma abordagem embasada no que há de mais atual em termos de neurociência e pedagogia. Confira:
Deixe o construtor construir.
Ao olharmos para o aprendizado em neurociência, sabemos que quando nossos filhos mais novos estão engajados fazendo coisas físicas em seu aprendizado, seu neocórtex em seu cérebro está sendo construído ativamente - essa construção é um trabalho árduo e requer grandes blocos de tempo ininterruptos, dirigidos por crianças. Deixe a construtora construir.
Não exagere a criança.
Muitos pais em nossa cultura elogiam e exaltam as crianças - às vezes pela mais simples das conquistas. Dr. Hughes nos lembrou que elogiar demais as crianças pode ter efeitos negativos. Pesquisas mostraram que o feedback avaliativo (como notas e elogios) pode parar o crescimento. O Dr. Montessori nos lembra: "Louvar, ajudar, ou mesmo um olhar, pode ser o suficiente para interrompê-lo, ou destruir a atividade". Parece uma coisa estranha de se dizer, mas isso pode acontecer mesmo que a criança apenas se torne consciente de ser observada". O Dr. Steven Hughes brinca conosco: "Os pais precisam realmente dar uma boa e dura olhada no seu bizarro, irracional e antinatural desejo de elogiar seus filhos por respirarem. Este elogio não só perturba a concentração da criança, mas este feedback avaliativo não faz bem para o cérebro em desenvolvimento". Enquanto o coaching com feedback específico sobre como fazer uma tarefa pode ser valioso, o elogio cego não é. Mais uma vez, deixe o construtor construir.
Nunca faça pela criança o que ela pode fazer por si mesma.
Muitas vezes as crianças podem ser mais capazes do que nós as deixamos ser. Em Montessori, temos o cuidado de permitir que a criança faça seu próprio trabalho, ao invés de nós o fazermos por ela, seja por problemas matemáticos complexos ou por vestir um casaco. Nós desafiamos os pais a fazer o mesmo. Fazemos isso, porque sabemos pelo Dr. Hughes que fazer e praticar seu trabalho permite que eles desenvolvam adequadamente seus cérebros. Sim, pode levar mais tempo e paciência da nossa parte como pais, mas deixar as crianças fazerem seu trabalho - é uma das maneiras que elas constroem seus cérebros.
Montessori faz o funcionamento executivo muito bem.
O funcionamento executivo é o que fazemos com nosso QI abaixo do nível de consciência - como nos organizamos, fazemos sentido e fazemos discernimentos para executar e tomar decisões. Do ponto de vista neurocientífico, isto se chama flexibilidade cognitiva e é uma parte importante do funcionamento executivo: quando o Plano A não acontece, temos que ter flexibilidade e adaptabilidade para criar o Plano B. O funcionamento executivo é desenvolvido quando o neocórtex pode desenvolver esses mapas sensorial-motor através da prática e do fazer repetidos.
A concentração é fundamental para Montessori.
As salas de aula da Escola Greensboro Montessori são baseadas em dar às crianças tempo para se concentrarem. Muitos outros sistemas escolares embaralham as crianças de uma idéia ou aula para outra a cada 34 minutos. Do ponto de vista neurocientífico, o Dr. Hughes nos disse que concentrar é envolver a rede frontoparietal em tarefas cognitivas eficientes, onde regras ou informações aprendem a ser utilizadas e a orientar o comportamento. O Dr. Montessori sabia que "a concentração é a chave que abre a criança para os tesouros latentes dentro dele". Mais uma vez, seus métodos desenvolvidos há mais de cem anos são hoje confirmados pelas modernas pesquisas em neurociência. Esta concentração é a forma como desenvolvemos a capacidade e as capacidades de unir todas as nossas habilidades futuras e, em última análise, ter sucesso em um mundo complexo. É a base para aprendermos a olhar ao nosso redor, descobrir o que precisa ser feito e fazer isso.
Nunca interromper a criança concentrada.
As crianças querem, inatamente, explorar, tocar e se envolver em certos tipos de trabalho ou projetos. Em várias partes de sua jornada de desenvolvimento, elas são atraídas por coisas diferentes. E é o desenho da natureza que elas querem fazer algum trabalho, ou atividades apropriadas à idade, uma e outra vez. De alguma forma, eles sabem que precisam praticá-los. E através da neurociência moderna, sabemos agora muito bem que essa prática de construir mapas sensoriais-motores no cérebro é uma das formas que o neocórtex se desenvolve dentro do cérebro. Sabemos que esta é a peça fundamental para o pensamento futuro. E através de pesquisas e exames cerebrais, sabemos que quando a criança está trabalhando e se concentrando ativamente, ela está literalmente construindo seus cérebros.
Quando isto está acontecendo, esta construção cerebral, não há nada que possamos ou devamos fazer. Precisamos dar um passo atrás, deixar a criança dirigir, e deixar a criança ser inspirada. Nunca interromper a criança concentrada; é então quando eles estão construindo. Em uma sala de aula Montessori, construímos tempo e sistemas para permitir que as crianças encontrem concentração real e se concentrem em grandes trabalhos. Enquanto eles não são capazes de trabalhar em um projeto ou assunto o dia inteiro, como há outras lições e outros parâmetros para o dia, nós nos orgulhamos de ter tempos bloqueados (às vezes até três horas), onde as crianças podem se concentrar em seu trabalho e conseqüentemente desenvolver seus cérebros. Como pais, devemos trabalhar para não interromper uma criança focada e concentrada; enquanto uma imagem rápida, um redirecionamento, ou uma nova idéia nossa pode ser tão tentadora...
Tente resistir a esse impulso, sabendo que o trabalho concentrado é muito importante, que nossos filhos estão literalmente desenvolvendo seus cérebros.
Durante dois dias inteiros, o Dr. Steven Hughes excursionou pela escola e se envolveu com nosso corpo docente, nossos alunos, nossos pais e nossa administração. Quando ele se afastou, ele nos escreveu: "Eu posso dizer que você está indo para um daqueles capítulos maravilhosos em uma organização com as pessoas certas no ônibus, e o ônibus está indo na direção certa. Nem sempre se pode forçar essas condições, mas quando elas estão presentes, coisas incríveis podem acontecer". Eu ficarei ansioso para ouvir sobre as coisas incríveis que acontecerão na Greensboro Montessori School no futuro'!
